Maquinando Ideias

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Sobre calendários e design centrado no usuário

Grupo de professoras sorrindo enquato usam computadores para desenvolver um projeto para corte a laser.

Há alguns anos decidi fazer um calendário para facilitar a visualização e
agendamento de atividades no Fab Lab, como oficinas, orientação de
projetos, visitas agendadas, palestras e outras tarefas do cotidiano.

Esse calendário ficou ótimo para nós técnicos, pois sua modularidade permitiu mudar de lugar os dias na virada do mês e colar post-it coloridos com as nossas anotações, o que facilitava a percepção de cada categoria de atividade.

Com o passar do tempo, ele chamou a atenção de várias pessoas, inclusive das professoras de educação infantil (EMEI) que participavam de formações conosco.

Foi então que decidimos criar uma oficina de corte a laser baseada nesse modelo de calendário, para que cada sala de aula da escola tivesse um exemplar feito pela própria professora. Foi um desafio e tanto!

Calendário de parede feito em compensado de madeira. com números em plaquinhas móveis para que sua posição seja móvel
Calendário original feito para marcar as atividades o fab lab.

As necessidades nunca são exatamente as mesmas

Acima de qualquer coisa, fiquei instigado pelas modificações realizadas ao longo do processo, afinal até então era um simples calendário com números e espaços para colar notas adesivas… Porém as professoras não precisavam apenas organizar suas tarefas como eu, elas precisavam de um instrumento pedagógico para crianças. Esse instrumento deveria colaborar com:

– Compreensão sobre a passagem do tempo, ou seja, passado, presente e futuro.
– Identificação dos numerais
– Aprendizado do a quantidade e nomes dos meses
– Percepção do clima e suas mudanças
– Compreensão geral do funcionamento do calendário gregoriano
– Maior facilidade e segurança para pendurar as plaquinhas

Com essas novas necessidades, aparentemente teríamos um problemão, né? Na verdade não. Já que as próprias usuárias dessa nova versão de calendário estavam completamente envolvidas pensando, dialogando e opinando, chegamos a soluções muito simples e eficazes:

– Escrita em caixa alta
– Placas dos meses
– Placas dos anos
– Placas com status do clima (sol, chuva, frio)
– Substituir pregos por parafusos (menor risco de acidente)
– Aumentar o diâmetro dos furos das placas para pendurar nos parafusos

Essa experiência, assim como tantas outras, me confirma a importância de posicionar os usuários como protagonistas projeto. Para isso existe um termo muito comum que usamos, o design centrado no usuário.

Calendário nos mesmos moldes do anterior, mas agora com plaquinhas para informar o mês, o ano e o clima do dia.
Calendário já customizado para as necessidades das professoras.

Não se prenda apenas à sua capacidade técnica e criativa

O design centrado no usuário é aquele que não depende apenas do conhecimento técnico de quem executa ou lidera o projeto, é uma forma inclusiva e e consciente de que quem usará o seu produto final deve estar em primeiro plano. Em Design do dia a dia, Donald Norman destaca:

“Meu principal objetivo é defender a ideia de um design centrado no usuário, uma filosofia baseada nas suas necessidades e nos seus interesses, que dê atenção especial à questão de fazer produtos compreensíveis e facilmente utilizáveis”
(NORMAN, 2006, p. 222)

E como fazer isso?

Se você pretende desenvolver qualquer coisa, seja um aplicativo, um jogo de tabuleiro, uma bicicleta… fica a minha sugestão: convide as pessoas para quem está projetando, pergunte, peça sugestões, faça testes com elas. Tenho certeza que seu design se tornará muito mais inteligente e eficaz com essas práticas.

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