Eu lembro que durante a faculdade sempre tínhamos trabalhos em grupo ou em duplas e que eu não gostava muito da atividade kkk, eu gostava das minhas amigas com quem eu fazia os projetos, mas não de todo o resto que envolve a atividade em equipe.
Porque são pessoas com opiniões, habilidades e jeitos diferentes, o que sempre vai gerar conflito, quando é só você tomando as decisões tudo é mais rápido, menos cansativo e com apenas o seu ego para lidar kkk. Eu fiquei cinco anos na faculdade de arquitetura fazendo trabalhos na maioria das vezes com as mesmas pessoas e no final do curso tínhamos um ritmo bem mais fácil nos projetos.
Ao entrar em um emprego temos uma experiência diferente com o trabalho em equipe porque não escolhemos nossos parceiros kkk e raramente iremos desenvolver uma tarefa totalmente sozinhos, sempre terá seu chefe, coordenação e companheiros de atividade para lidar.
No fab lab onde trabalho, tenho duas pessoas na minha rotina com quem compartilho o espaço no dia a dia, porém tenho relações indiretas com meus coordenadores e outros técnicos da rede, com esses me comunico por mensagens, emails e ligações.
Criando projetos em equipe
Gostamos muito de criar projetos de mobiliário para o fab lab, alguns projetos eu consigo fazer sozinha, outros tem uma escala maior e preciso de ajuda. Às vezes é no design do projeto, outras no corte das peças, ou na montagem por exemplo, o ponto é que não consigo fazer sozinha.
Nestes momentos tenho que estar disposta a ouvir as ideias das outras pessoas, a mudar de opinião e a aceitar a ajuda, tenho que deixar meu ego de lado para realmente estar aberta ao trabalho em equipe, o que em alguns momentos é um pouco difícil porque sou perfeccionista, mas hoje vejo que é um processo, um exercício que tento fazer cada vez mais nos projetos e não me arrependo, o resultado sempre fica melhor e o processo mais divertido de realizar.
O painel de ferramentas que realizamos no fab lab foi um projeto longo, que levou meses e precisou de várias pessoas até estar concluído. O projeto é bem legal porque tem vários mini projetinhos dentro onde utilizamos várias máquinas diferentes, desde marcenaria, modelagem e impressão 3D até a cortadora laser.
Vou falar com mais detalhes de todos os mini projetos que compõem o painel em posts futuros, mas neste aqui decidi mostrar uma parte dos bastidores que às vezes não citamos nos projetos: o trabalho em equipe.
Depois que cortamos as peças, nós três montamos as estruturas do suporte, não tinha como fazer sozinha, na foto se encontram: eu segurando os suportes, tirando a foto temos o Andrew que é o outro técnico do fab lab e o Wanderley que frequenta o espaço.
Antes de iniciarmos a furação do painel tivemos que cortar esta chapa na dimensão necessária e para isso também foram necessárias três pessoas: eu, Andrew e o David, este último trabalha no espaço do CEU onde se encontra o fab lab e se disponibilizou a nos ajudar.
Ps. Esquecemos de tirar foto deste momento kkk 🙁
Cada furo fizemos de forma manual, porque não temos uma fresadora de grande porte no nosso fab lab, deu muito trabalho tanto marcar os furos, quanto furar tudo depois.
A posição dos furos eu marquei com uma guia de um outro projeto feito na máquina de corte a laser que já tínhamos, desta forma a posição foi precisa e bem mais rápida.
A furação fizemos com uma furadeira de impacto e como vocês podem ver na imagem são muitooos furos kkk, todo mundo se revezou um pouquinho para fazer, mas a maioria deles foi a Kemilly quem realizou, ela mora no bairro e frequenta o espaço 🙂
O que é um jogo infinito?
Ouvi o podcast Podcrê #14: O jogo infinito, onde eles fizeram uma reflexão muito incrível sobre criação com uma visão sobre trabalho em equipe que adorei e tenho tentado levar para todas as minhas relações agora, mas primeiro preciso explicar o que é o jogo infinito kkk, vou colocar aqui uma transcrição da explicação que eles falam bem no início do episódio.
“Eu quero propor um jogo infinito, um jogo onde a razão de jogar é se manter jogando, não há vencedores, porque o jogo não tem fim, não tem competição porque não há o que ganhar, existe apenas a necessidade de continuar jogando, independente do que acontecer durante o jogo, a missão é evitar que o jogo acabe e que todos continuem se divertindo, independente do destino.
Não tem fases, não há evolução ou regressão, as regras se adaptam de acordo com o dia e a única regra constante é que o jogo continue infinito. Nesse jogo cada jogador é um construtor de mundos e tem autonomia de mudar, manter, acelerar e parar a qualquer momento desde que continue jogando.
Se a vida não for uma brincadeira infinita a gente se perde do agora, evita sincronias e limita o jogo, quando limitamos o jogo sempre terá quem ganha e quem perde, para não ter ganhadores ou perdedores mantenho minha vida com o fim de me manter no jogo infinito.
Não resista, não insista, sinta e perceba, quando sentir que seu jogo esta acabando se pergunte ‘O que falta para ele ser infinito?’. Responda e volte para o jogo, eu estarei jogando junto contigo.”
Lucas Morello, do Bota na Rua e Podcrê
O que eu tirei de tudo isso foi que temos uma energia e tempo limitados, então quando trabalhamos em equipe somos mais rápidos, criamos mais e de forma mais divertida. Para mim o mais importante de trabalhar com outras pessoas é o respeito, eu não posso decidir pela outra pessoa e interromper o jogo infinito dela.
Cada um tem um jeito, um jogo infinito pessoal e juntos nós criamos um outro jogo infinito maior, só que isso só funciona se respeitamos a forma de trabalhar e criar do nosso parceiro de equipe 🙂