Sempre gostei de música e fiz parte de grupos musicais, bandas e até uma pequena orquestra. Isso me fez (e ainda me faz) muito bem em diversos aspectos da vida, pois contribuiu de maneira muito positiva para a construção do meu caráter, assim como me enriqueceu culturalmente.
Uma das coisas que lembro de me perguntar desde o primeiro momento em que peguei meu violão é:
Como compor uma música? Será que depende de talento ou isso pode ser aprendido por qualquer pessoa?
Bom, essa pergunta ainda era muito audaciosa para mim… Passei vários meses para tocar os primeiros acordes e as primeiras músicas!
Com o passar do tempo, comecei a arriscar algumas brincadeiras, palhetava notas aleatórias enquanto ouvia uma música legal e vibrava quando notava que a sequência combinava com o som do rádio! Nessa época eu não entendia porque algumas notas ficavam bonitas e outras não.
Mais tarde, aprendi que existem tonalidades, escalas, campo harmônico e vários outros nomes que formam um sistema universal… Meus amigos me diziam:
“Quem domina esse sistema, tem a chave da sabedoria e poderá compor uma infinidade de músicas diferentes”
Jovem! Pensa num cara que quebrou a cabeça para entender e aplicar esse tal sistema. Eu não tinha grana para pagar um professor, não tinha internet, então fui estudando como achava certo, e não estava hahaha.
Depois de mais de 1 ano sem sucesso me desanimei, mas a minha veia criativa ainda insistia que eu deveria tentar compor de alguma maneira, então comecei a imaginar ritmos, melodias e acordes. Depois o jeito era encontrar essa salada de notas no violão. Foi um jeito difícil de criar, mas alguma coisa legal saiu.
Logo que pude, mostrei essa música para dois amigos que admiro muito e pedi para que analisassem… Soube por eles que usei um acorde dominante para preparar um repouso, a escala menor harmônica e um intervalo tecnicamente proibido de 2ª menor (oi???)
Eu não entendia nada sobre isso, mas fiquei orgulhoso! Se você também não entende, não se preocupe! Há mais uma coisa que vale a pena compartilhar e que qualquer pessoa de qualquer área pode compreender:
Nós aprendemos a falar imitando a fala de nossos familiares.
Aprendemos a jogar bola imitando nossos amigos.
E cozinhar? Imitamos quem já cozinha, oras! 😀
E foi assim que comecei a compor, identificando e imitando sons que eu gostava… do rock, da MPB, do flamenco, do blues e de tantos outros ritmos. E quando fazemos algo que dá certo, sentimos mais motivação para continuar fazendo e melhorando a cada dia.
Quando começamos a buscar nosso refinamento, chega o momento de investir mais tempo em conhecimento teórico, em entender regras mais específicas e detalhes que nos ajudarão a obter melhores resultados e mais agilidade.
Mas é errado aprender a teoria antes da prática?
O que pode nos atrapalhar é a ideia de que precisamos nos inundar de conhecimento antes de partir para a prática. Já pensou como seria desastroso explicar sobre a composição química do grafite e o processo de fabricação de um lápis para que só depois uma criança pudesse experimentá-lo no papel?
Mas se a mesma criança nunca viu um lápis e não sabe para que serve, podemos dizer que a pontinha preta dessa ferramenta serve riscar, desenhar, escrever… Não deixa de ser teoria, mas é o mínimo necessário para começar a criar.
Voltando à música, pra ser sincero, ainda não domino escalas, campo harmônico, e tantos outros assuntos musicais. Vou aprendendo aos pouquinhos, praticando bastante, criando e imitando quem admiro!